jactância, bazófia, vaidade

gosto dos textos do millôr

adoraria escrever gostoso assim; mas foi ele quem primeiro pôs esses pensamentos em evidência… achei na coluna dele na veja, baseado no texto do conde que virou, inclusive, nome de rua na vila mariana (afonso celso)

amá-lo-hei

:

Por que me ufano!

“editado em 1900, ‘porque me ufano do meu país’, do conde de afonso celso, foi traduzido em doze línguas, vendeu zilhões e criou o sentimento do ufanismo. quer dizer, antecipou o dito de nelson rodrigues: ‘toda unanimidade é burra’. é só ver show com 1 milhão de assistentes, jornal nacional destinado a 30 milhões de espectadores, discurso de candidato político visando a 50 milhões de eleitores

nos anos 60 escrevi peça usando o título ‘porque me ufano do meu país’, gozação evidente. a censura proibiu, por não perceber a gozação. ou por perceber, sei lá

o livro é mais fantástico até do que o brejal dos guajas, do sarney

predador fdp: não custa lembrar, o maranhão continua sendo um dos "top 5" mais pobres do brasil

[a imagem acima quem pôs fui eu: escolha pessoal minha, não do millôr …continuando com o livro do afonso celso, em comentário do millôr…]

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tem epígrafe em inglês: ‘right or wrong, my country’. o conde é supernacionalista, mas não resiste ao gringo. que não traduz. e não diz, ou não sabe, quem é. eu sei

o gringo é stephen decatur, herói leatherneck, fuzileiro naval americano. traduzo: ‘certa ou errada, minha pátria’. g.k. chesterton comentava: “é o mesmo que dizer – ‘minha mãe, sóbria ou bêbada‘”

reproduzo aqui trechos do livro, com o nobre intuito de iluminar vosso ufanismo:

  • quando disserdes “somos brasileiros!”, levantai a cabeça, transbordantes de nobre ufania. deveis agradecer todo dia a deus o haver ele vos outorgado por berço o brasil
  • a flora brasileira é maravilhosamente rica, dado aí se juntarem todas as flores e frutas do universo
  • negros, brancos, peles-vermelhas, mestiços, vivem aqui em abundância e paz
  • as matas brasileiras são tão compactas que se lhes poderia caminhar por cima
  • notabiliza-se ainda a floresta brasileira pela ausência relativa de animais ferozes
  • os pampas do sul, pátria do tufão, são atravessados por armentos de poldros indômitos, têm jardins incomparáveis, flora opulenta, fauna inestimável – aves que não emigram, de bem que se acham onde nasceram
  • abundam em várias regiões do país minas de ouro e jazidas de diamantes. algumas regiões chamam-se, com propriedade, ouro-branco, ouro-preto, ouro-fino, diamantina
  • em certas regiões até a poeira dos caminhos é aurífera
  • em alguns pés, em mato grosso, as laranjas, já muito doces, quando murcham nos galhos reamadurecem dulcíssimas. verdadeira ressurreição
  • ao lavrador é fácil retirar da terra tudo quanto precise, exceto sal, de que, aliás, se encontram no brasil grandes jazidas
  • quase todas as culturas dão duas colheitas anuais
  • em seu subsolo, solo, ares, selvas, águas, está tudo. poderia, se quisesse, erguer em torno de suas fronteiras a muralha da china
  • ninguém, querendo trabalhar, morrerá de fome. parece país de milionários, tão largamente se gasta
  • feridas e amputações cicatrizam mais depressa do que nos hospitais do velho mundo
  • as florestas têm poucos animais ferozes. os que existem limitam-se a defender-se, fazendo escassas vítimas
  • no amazonas se conhecem albinos que entretêm grande familiaridade com animais. as onças aí são inofensivas. serpentes gigantescas guardam as cabanas
  • entre nós há tolerância e ausência de preconceitos de raça, religião, ou posição, decaindo mesmo em promiscuidade
  • o brasileiro, em última análise, passa os dias mais felizes do que o alemão, o francês, o inglês, dias mais serenos, mais risonhos, mais esperançosos
  • quase todos os homens políticos brasileiros legam à miséria as suas famílias. qual o que já se locupletassem à custa do benefício público?”

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diliça…

..e tantos ainda acreditam/reproduzem a estupidez…

que a ignorância, como contra-exemplo, sirva de mola propulsora à inteligência, à crítica, ao esclarecimento…

o brasil é um país tão cheio de coisas boas…

verry good countrry - pronuncie como um estrangeiro, babando... ávido por extrair lucro

eu não moraria em nenhum outro país… serei eu um Homophrosyne com o bobo do afonso celso? (homophrosyne – união de coração e mente, dentro de uma amizade ou matrimônio) -adoro grego e cultura helenística

só pra constar, os estados mais analfabetos = + pobres do brasil são, por todos os critérios imagináveis:

1.alagoas, 2.piauí, 3.paraíba, 4.maranhão, 5.bahia…

diliça… dá-lhe academia brasileira de letras!

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löwendenkmal

hoje fiz prova de teoria literária. para relaxar, almocei, dormi e depois comecei a ler coisas em inglês, até chegar a mark twain. que delícia ler o texto desse homem: é incrivelmente bem escrito e por isso incomensuravelmente gostoso de ler. ele escreve de um jeito engraçado, com muito talento, fazendo a gente rir às vezes do começo ao fim da história

o livro que eu tava lendo chama “a tramp abroad” e pode ser colocado no gênero de literatura de viagem. twain narra suas peripécias pela europa com um amigo (harris), fazendo um monte de palhaçada. em um determinado ponto ele descreve o leão de lucerna

löwendenkmal - monumento leão

estátuas de leão são sempre bonitas, mas essa realmente impressiona. a escultura representa um leão morrendo, escondido numa reentrância da rocha. o monumento é uma homenagem aos guardas suiços que morreram defendendo luis xvi, louis le dernier, durante uma das insurreições da revolução francesa. o leão está deitado sobre um escudo com a fleur-de-lis, ferido por uma lança. em cima do leão está escrito helvetiorum fidei ac virtuti – à lealdade e coragem dos suíços. o escultor se chama bertel thorvaldsen

uma bonita alegoria para o fim da monarquia na frança

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mark twain tem muitas outras histórias, entre romances e contos, a maioria divertidíssima. pudd’nhead wilson (wilson cabeça de pudim… hehe), how to tell a story, adam’s diary, the awful german language… tudo muito bom: o melhor remédio pra dor de cabeça, ressaca, cansaço de prova, fim de caso e mau humor

;-)

le monde est sens dessus dessous

uma certa atriz nos estados unidos foi proibida de consumir álcool (!). um dispositivo em seu corpo monitora o consumo eventual da pepita líquida e notificará imediatamente as autoridades para que a criminosa seja peremptoriamente presa

fico consternado de ver como a história da humanidade é cíclica: lei seca, letra escarlate, fogueira… coisas que se repetem tempo-aqui, tempo-ali; sempre há algum idiota tentando moralizar o comportamento das pessoas em um certo grupo

e de que grupo está-se falando? atores em hollywood. hum… sei… atores nos estados unidos da américa não poderão mais beber?… (precedente, precedente…)

o mundo é tão de ponta-cabeça…

não seria mais fácil proibir todas as substâncias que deixam a gente alegre, às vezes bobo, muitas vezes arrependidos das coisas que fizemos e de que nos lembramos no dia seguinte? na categoria “todas” entra tudo, sem exceção: álcool, maconha, cocaína, heroína, macdonalds, crack, coca-cola, ketamina… (as drogas nesta lista não estão ordenadas por ordem de prejuízo causado ao próprio corpo ou à comunidade…)

que estupidez que estupidez que estupidez…

tudo isso

agora, sabe o que mais me irrita? as coisas que a imprensa leva a gente a pensar e a debater…

quem se importa se a fulana vai ser presa? eu, com certeza, não. se ela é louca, bebe até cair, bate o carro e eventualmente mata alguém, é problema dela e dos envolvidos.

e por que a imprensa me faz pensar sobre isso, mesmo quando ela mata alguém?

me preocupar com o consumo alcoólico de atores hollywoodianos, e querer debater o assunto? que raiva! tanta coisa útil pra divulgar…

mas, cabe a pergunta: por que quem vende não é incriminado e penalizado junto? e por que o consumo é, aliás, incentivado?? muita grana envolvida? não sei… serei eu o último ingênuo?? ô mundo lôco! será que isso tem alguma coisa a ver com o fato de as empresas serem consideradas “pessoas”? êita estratégia jurídica para a impunidade…

só pode incriminar plantador de maconha ou vendedor de cocaína?? o álcool, por acaso, pertence a uma categoria mais benéfica de droga??? ???

yes... I zrink... WHO ZUSNUT ??

ou libera tudo e o maldito estadocontrato social – monitora excessos, ou não enche o meu saco!

gosto de liberdade: se álcool pode, tudo pode!!! !!!

e tenho dito

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ταυρομαχία

tauromaquia. corrida de toros. espetáculo em que habilidoso el matador leva lenta e dolorosamente à morte um animal que devia estar pastando e fazendo, sei lá, as coisas que os touros normalmente fazem

esse espetáculo remonta ao culto pré-histórico do boi como entidade divina sacrificada, e aos gladiadores de roma que se divertiam matando não só touros e outros bichos, mas também uns aos outros

estado de natureza em estado bruto. nada mais natural que o estado das coisas chegue a isso:

bem feito

acho ótimo. repare que o animal sangra em profusão por causa das banderillas cravadas em seu corpo (6 normalmente). o outro animal deve ter sangrado bastante também. olha que legal a descrição do que aconteceu: “[o chifre entrou] na região submandibular com uma trajetória ascendente que penetra até a cavidade bucal, atravessa a língua, sobe ao céu da boca, com fratura do maxilar superior.” (folhaonline)

tenho desenvolvido um gosto mórbido (vingança?) por descrições técnicas minuciosas desse tipo. gosto tanto quanto o prelúdio ao livro do françois forestier, “marilyn & jfk”. leia um trecho no site da veja: leia mesmo!

e pra quê tourada? tudo muito cretino. ser humano estupidamente absurdo. o objetivo final é esse:

rigor mortis

no brasil tinha também. getúlio proibiu em 34, junto com rinha de galo, outra estupidez. a única instância da tourada que eu aprecio é no poema do joão cabral de melo neto, “alguns toureiros”, por causa das peculiaridades próprias à poesia

(…)

Mas eu vi Manuel Rodríguez,
Manolete, o mais deserto,
o toureiro mais agudo,
mais mineral e desperto,

o de nervos de madeira,
de punhos secos de fibra
o da figura de lenha
lenha seca de caatinga,

o que melhor calculava
o fluido aceiro da vida,
o que com mais precisão
roçava a morte em sua fímbria,

o que à tragédia deu número,
à vertigem, geometria
decimais à emoção
e ao susto, peso e medida
,

(…)

muitos pintores retrataram a tourada; eu gosto desse quadro do manet:

toter torero

assim é melhor (pela arte ou pelo lado da morte…?)

.

siren

odeio sirene de fábrica

uma forma de acabrestar os funcionários que se sujeitam a ser controlados como bicho, como se fossem incapazes de saber a hora de entrar, almoçar, ir embora. será que peão de fábrica é burro assim? mesmo que seja, as fábricas, curral de boiada, não têm o direito de gritar prolongadamente no bairro em que cravam garras: incomoda demais

o homem é tratado como se fosse máquina: controle minucioso do comportamento e da performance. dois filmes mostram isso lindamente: metropolis, do fritz lang, e tempos modernos, do charles chaplin

essa cena é linda! incrivelmente sensível...

turba em marcha: trabalhadores indo/vindo do subterrâneo…

apertando parafusos sem parar - que alegoria!

muita gente acha o tempos modernos engraçado, mas se você refletir um pouco, é angustiante. lembra quando o chaplin sai da fábrica? ele não consegue parar de apertar parafuso… a gente ri quando ele aperta os botões do vestido da moça… mas fica um nó na garganta: no fundo a gente sabe que tem muita coisa errada nisso

na hora do almoço uma máquina entuxa comida na boca dele. lembra? pra cortar custos, extinguir a hora do almoço e aumentar a produtividade…

a gente ri, né? mas que crítica! (se quiser clique na foto pra aumentar)

essa cena dele “comendo” me lembra um poema do drummond. como esse homem era sensível pra notar as idiossincrasias do progresso… ele tem mais de um poema sobre os tempos “modernos”. vou por aqui três estrofes. se gostar, vá atrás: esse poema é bom demais: drummond – nosso tempo (c. 1945)

Este é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.
(…)
Escuta a hora formidável do almoço
na cidade. Os escritórios, num passe, esvaziam-se.
As bocas sugam um rio de carne, legumes e tortas vitaminosas.
Salta depressa do mar a bandeja de peixes argênteos!
Os subterrâneos da fome choram caldo de sopa,
olhos líquidos de cão através do vidro devoram teu osso.
Come, braço mecânico, alimenta-te, mão de papel, é tempo de comida,
mais tarde será o de amor.
Lentamente os escritórios se recuperam, e os negócios, forma indecisa, evoluem.
(…)
O poeta
declina de toda responsabilidade
na marcha do mundo capitalista
e com suas palavras, intuições, símbolos  e outras armas
promete ajudar
a destruí-lo
como uma pedreira, uma floresta,
um verme.

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a fábrica aqui do lado do prédio urra (sempre dez minutos antes e então na hora cheia). 6:50, 7:00; 8:50, 9:00; 11:50, 12:00; 12:50, 13:00… tem uma sirene à tarde, mas eu quase nunca ouço, e finalmente 16:50, 17:00. sábados, domingos e feriados. quanta alegria!

o dono é um turco, um daqueles com cara bem estereotipada: gordo, de bigode, meio careca, com cabelo enroladinho super oleoso, camisa aberta até o umbigo mostrando um peito peludo cheio de corrente de ouro… eu não sei muito bem o que a fábrica dele faz… nunca tem mercadoria entrando nem saindo. não tem importância

o entorno da fábrica é um nojo: sempre sujo, a grama na calçada cresce até esconder porco selvagem. as pessoas que passam de carro, talvez por achar que é terreno abandonado (teoria da janela quebrada), jogam todo tipo de lixo, que nunca é recolhido. frequentemente vejo corpo de rato morto atropelado na rua. a única vez em que as paredes foram pintadas foi quando foram erguidas, há 30 anos. e de fato tem um monte de vidro quebrado nas janelas…

foto tirada daqui de cima

dá pra ver a sujeira até nessa foto de baixa qualidade…

sei que já foram conversar com ele sobre isso. ele ignorou. imagina só se ele vai gastar dinheiro com limpeza! (olha o estereótipo em funcionamento…) o único momento em que ele se mistura com a comunidade é em época de eleição: um dos barentes dele sempre se candidata a deputado (?). não sei se se elege. não tem importância. nessas épocas todo o bairro fica cheio de papel no chão… mas acho que isso não é privilégio do meu bairro

à medida em que encerro o post, cresce a tensão, porque daqui a pouco toca de novo a maldita sirene…

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paprika – Capsicum annuum

cada vez mais tô botando isso na minha comida: adoro o cheiro, a cor, o sabor…

quase sempre em pó... mais prátiu

omelete sopa homemade-hamburger arroz salada feijão meat pão-com-queijo…

diliça

paprika. às vezes conhecida como chili pepper, às vezes como pimetão, e suas variedades -royal embers

boa pra dispepsia (indigestão), gôta, flatulência, e até superstitio (afasta os espíritu)

podi sê vremeia, podi sê maréla… dependi dos otro tempero

é sempre bão. óia a flô:

rods & ancient world

seriam os rods, criaturas misteriosas em forma de serpente com asas, muito muito muito rápidas…

rods always appear in key locations

…o equivalente às descrições de povos antigos (maias, astecas, chineses, hindus) de deuses que vinham visitar o planeta terra?

Quetzalcoatl - a serpente alada

estarão eles voltando por algum motivo?

…adoro essas teorias…

unsettled

me questionaram do por quê (com acento e separado – primeira vez na vida, acho, uso assim), tenho abordado tanto um certo mal estar com o mundo como ele é atualmente. esse “atualmente“ precisa estar entre aspas para fazer parte do que pretendo dizer

Scott Walden – Unsettled #47 (1998)

primeiro e que fique tudo bem multiclaro: o tudo que “pretendo dizer” são coisas velhas, cansadas, pisadas e repisadas por gente que já existiu muito, muito antes de mim; ou seja, o que me faz sentir mal, muitas vezes com ânsia de vômito (novidade sentida agora na minha pele de citadino do século XXI, com as peculiaridades do meu zeitgeist), já foi debatido por gente como sócrates na grécia antiga, e pelos pensadores alemães, ingleses e franceses do iluminismo

e o quê é atual para mim e o quê me faz querer vomitar hoje? posto de forma simples, uma sensação de que as coisas não deveriam ser assim

de forma mais elaborada – prepare-se! respire fundo, como m. bandeira: …………………………………………………………………………… e ponha um tango argentino pra tocar

bem, elaboradibilidadamente, coisas todas muito entrelaçadas como o contrato social (meu deus, as cláusulas desse contrato precisam mudar! …e como faz agora? contrata um advogado??) o estado da natureza (o ser humano será sempre um bicho, se entendendo quando possível, monitorado ou não pelo estado), jean-jacques rousseau, thomas hobbes, john locke. um pouco me arrependo de ter escrito isso. primeiro porque muita gente já o disse, depois porque não li tudo o que escreveram; preciso elaborar melhor tudo isso dentro do meu mundo psíquico… e também porque essas idéias estão muito ligadas ao conforto burguês do século xviii – gente pobre, sem tempo de ler ou money pra comprar livro, portanto ignorante, por acaso se preocupa com isso tudo?

e por que falar deles então? hum… porque eles formularam teorias que me interessam, seja para compreender melhor o mundo como ele é, seja para sentir raiva, ficar inconformado, quiçá interferir pon.ti.lha.da.men.te e com muita amargura… minha interferência é microscopicamente insignificante e eu não consigo palpar nada, ‘magina, pegar a sociedade pelas rédeas e tentar mostrar uma direção melhor… a resposta está dentro do nosso espírito e eu já falei sobre isso, fazer o que é certo… isso não acontece do jeito como eu acho que deveria e isso, no fundo, dói, incomoda demais

hegel articulou o fim da história. que demais isso! é profundo e eu preciso ler muito muito muito mais pra começar a entender: hoje não sei nada ainda (estou me sentindo o próprio sócrates: scio me nihil scire). apenas inferi que ele propõe o fim dos processos históricos de mudança porque a humanidade atingiria o equilíbrio, a igualdade… haja amor pelo seu próximo! ah! isso é que dói: como isso é im-po-ssí-vel… (adoro fazer separação silábica por intuição: veja que ridículo determinar, sem vínculo com o uso corrente ou qualquer bom senso, que duas consoantes em sequência devem ser separadas… tsc tsc tsc)

hegel também fala bastante sobre o estado e a vida ética, preocupações de quem leu bastante platão, aristóteles, spinoza, kant, marx… ∞

esse cara viveu o período da revolução francesa (que queria, entre muita muita coisa, o “fim da servidão e dos direitos feudais”), e do iluminismo: uma época na história humana em que tomou lugar a supremacia da inteligência e da ciência sobre a fé e sobre o misticismo. tudo isso, marco do início da idade contemporânea. não foi nada fácil viver no século XVIII, mas como eles mudaram o futuro, mesmo sem saber de que forma mudaram. (mudanças não são possíveis hoje… ou então eu é que estou pessimista demais mesmo…)

depois de tudo isso, nós deveríamos viver em relação de liberdade, igualdade, fraternidade, bordão cunhado pelo rousseau, na época em que os princípios universais foram pensados, idealizados

Delacroix - Liberty guiding the people

e o mundo ainda gira mais ou menos da mesma forma… não há nada de novo sob o céu… depois de tanto tempo, depois de tantas gerações, tantas guerras, desentendimentos, depois de tantos pensadores inteligentíssimos, tantas tentativas de unificar; tudo igual, relativamente igual

nada mudou… nós (eu e você) continuamos reféns dos barões feudais, usurários, agiotas, donos de banco – dê o nome que quiser… é o mesmo bando de filho da puta sorvendo o líquido vital das nossas veias… chupando de canudinho… feito de platina e diamante

é isso o que me revolta! ou, posto de outra maneira: putz! eu sou super impaciente com o transcorrer da evolução da espécie… tá demorando demais pro ser humano dar um salto qualitativo, seja como for…

isso é o que me deixa inquieto, inconformado, muitas vezes bem amargurado, porque entendi que não há nada que eu possa fazer: a resistência sempre será maior que meu parco, e agora desconsolado, esforço

o ser humano é um bicho maldito, verme miserável, vírus detestável na crosta do planeta…

que venha nibiru

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i hate carrefour

odeio megastores em geral, ultra-impessoais, curral de boiada… mas o carrefour supera todas as que você consegue imaginar

boicote total! o atendimento do carrefour - surpresa! - é de lascar

no carrefour o atendimento é péssimo, se você precisa de um gerente ele não aparece nunca e, se você chamar um, eles te lançam como bolinha de pingue-pongue de um lado pra outro: vá pro caixa, agora vá pra central de atendimento, agora vá pra putaqueopariu, e você nunca encontra sequer um funcionário responsável, todos sempre falando por rádio: qap, pqp… além do que eles fazem tudo aquilo que as megaredes fazem e que a gente sempre tem medo: adulteração da validade dos alimentos, compra de produtos de sweatshops, funcionários mal remunerados, mal treinados, infelizes, compra de produtos contrabandeados… a lista é longa

que raiva que dá… mas eu devo ser muito idiota mesmo: por que continuo indo lá? vou lá pra fazer o favor de comprar nessa bosta de supermercado?

recomendo o boicote!

c.campos, m.silva, m.felinto

virei fã da cidinha campos. quero ser amigo dela e almoçar todo dia junto, vituperando contra os parasitas no poder. olha como ela é porreta, discursando na assembléia dos deputados no rj:

com a palavra, a ilustre e ilustrada deputada cidinha campos. acho engraçada essa liturgia datadíssima dos deputados, senadores etc… absolutamente desnecessária

é pra eleger, então, uma mulher presidente? proponho aqui a chapa: marina silva presidente, cidinha campos vice. marilene felinto presidente da câmara. ia adorar ver, em especial, a marina e a marilene sendo tratadas por “vossa excelência”. joga a dilma fora, na lata de lixo da história

quero gente cínica no poder. o cinismo de antístenes, não esse que você tá pensando…

“transformar o extraordinário em cotidiano” (mfelinto)

…e cuidado com o que você vê e ouve na tv:

eu achei essas duas últimas imagens no blog tudo em cima. interessante

corruption, putaria, anti-éthiques

olha só que interessante esse canal que eu achei, por vias beeem tortuosas. por que isso não é mais bem divulgado?? …haha, pergunta boba

putaria politica

obs: só clique no link (ligação, segundo um amigo…) se gosta de sentir raiva insolúvel com atos corruptos nunca punidos… raiva… sinta raiva sem poder fazer nada… é impossível lutar contra o sistema…

santo estadão, “censuradão“…

ai, meu são Kafka, dai-me consolo! que não consigo nem anular uma multa injusta por “conduzir motoneta sem capacete de segurança”… (!) justo eu, super cauteloso… ô marronzinho da cet, fdp… filho de uma puta! por que que eles estão sempre associados à punição?? NÃO DEVERIAM EDUCAR, MONITORAR, AUXILIAR??

os carros ficarão cada vez menores, do tamanho das motos

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olha o site da CET… que bosta… ou melhor… nem olhe! vá lá se não for meu amigo…

ps: aqui tem outra lista sobre corrupção, só pra quem gosta de história…

escândalos políticos um depois do outro, década aqui, década ali… over and over and over and over and over and…

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return to nature

hoje eu encontrei mais uma vez a filha de uma vizinha muito legal aqui do prédio. ela cansou da cidade, com sua estrutura social sufocante, esfrangalhada, de gente querendo se matar no trânsito, no trabalho, no supermercado; cansou da poluição, da sujeira, da corrupção, das iniciativas frustradas, enfim, tudo o que a gente ama odiar em são paulo.

foi morar em uma comunidade alternativa, escondida nos cafundós do judas. lá eles voltaram a viver em harmonia com pessoas que aprenderam a se respeitar e a trabalhar pelo bem estar comum. lá não tem trabalho remunerado. cada um tem uma função na comunidade: eu planto, você colhe, eu dou comida pra vaca, você tira o leite, e assim por diante.

a filha da minha vizinha é uma redatora de mão cheia. já trabalhou em jornais famosos e já foi chefe de redação de uma revista aí. chegou um dia que ela deu um basta e abraçou um estilo de vida que me deixa bastante balançado. toda vez que eu me encontro com ela eu digo: dessa vez eu vou, dessa vez eu vou… sabe o que ela faz lá? ela é uma das responsáveis pelo contato com o mundo exterior: ela escreve um jornal e visita a cidade mais próxima para ajudar alguns comerciantes a melhorar o visual de uma placa, o logo de uma loja, a redigir um documento importante. em troca ela recebe víveres, remédio, roupa, livros.

em nenhuma hipótese existe troca de moeda. isso eu acho demais. lá na comunidade ninguém paga imposto, ninguém dá satisfação pras autoridades. isso pode ser meio perigoso mas eu fecho com thoreau e sua desobediência civil. água tem em todo lugar, eletricidade é gerada por painéis solares, e tem até internet. todo o conforto que a gente precisa. cultura às vezes pega: eu gosto de teatro, museu, ópera, cinema… mas, essa amiga deu muita sorte. na comunidade dela tem muita gente interessante, pensante, culta. eles criam apresentações, visitam tribos indígenas, promovem a absorção da cultura deles – muito diferente de intercâmbio cultural, que é outra coisa – dão palestras, educam suas próprias crianças…

hoje ela me deu algumas dicas e me falou de uns blogs legais, pra eu aprender mais. olha que sensacional – essa gente preocupada com o ambiente pensa em cada coisa genial…

(clique na imagem)

vai um vegetal fresco aí?

tudo plantado em garrafa pet

não só se deu um uso para as garaffas de plástico que iriam entupir tudo quanto é rio, como criaram a possibilidade de se comer verduras frescas hidropônicas – sem pesticida etc. – mesmo se você mora em um apartamento pequeno.

olha que legal esse blog que ela recomendou (clique na imagem):

comunidade verde dentro

gente realmente preocupada com a natureza

a gente normalmente vive tão acostumado com certas idiotices modernas que nem percebe o quão somos gado para os donos do mundo. somos bicho mesmo: domados, treinados, manipulados em todos os sentidos. qualquer que seja o mecanismo usado – lavagem cerebral, mensagem subliminar, influência direta – nós somos todos uns idiotas buscando as mesmas coisas inúteis: dinheiro, carro, apartamento na praia, fazer pose em restaurante fino, glamour… nada disso preenche nossa existência aqui neste planeta. e “buscar a felicidade” é um dos conceitos vazios mais odiosos de todos os tempos: ninguém atinge esse um tal de estado de felicidade. …e olha só como isso é explorado pra vender sabonete, cerveja, gasolina, conta no banco… odioso. odioso.

eu vou. não hoje, mas vou. já acordei e não quero mais ser títere, sombra de mim mesmo

me espera?

“A maioria de nossos males é obra nossa e os evitaríamos, quase todos, conservando uma forma simples de viver, uniforme e solitária que nos era prescrita pela natureza.”

Rousseau

posto de outra forma: será que é tarde pra me identificar com os beatniks? serei eu um novo sal paradise?