about

prestes a nascer, ente desatomizado, amaterial, cansado de andar por bosques esplêndidos com árvores sesquiatemporais e riachos com águas mais que potáveis, entediado da perfectabilidade imaginável, comuniquei minha materialização, falando por sons musicais*, como l’Etude de Concert no.3, Un Sospiro, do Liszt: “vou pra Terra, me re-materializar…”

fui desestimulado: já tinha reencarnado assaz, vivido muitas vidas, sofrido deveras: não ia me dar bem mais uma vez, cheio de aflições e de misantropia. fui advertido de que se voltasse à 3a pedra do sistema solar, seria um espírito cansado, angustiado e desiludido com tudo…

sem saber ao certo como se sucedeu, sem reminiscência precisa, estou aqui… inexoravelmente sem esperanças

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* essa idéia de falar por sons musicais é do mário de andrade e ele fala sobre isso na escrava que não é Isaura, que começa por uma parábola, “Gosto de falar por parábolas como Cristo… Uma diferença essencial que desejo estabelecer desde o princípio: Cristo dizia: ‘sou a verdade’. E tinha razão. Digo sempre: ‘sou a minha verdade’. E tenho razão. A verdade de Cristo é imutável e divina. A minha é humana, estética e tranzitória.”

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