fun _classical fun

ouço blossom dearie enquanto escrevo isso. gosto muito. esse jazz das antigas é bom demais. dave brubeck quartet é uma redundância das maiores, common place. sorry. j’aime aussi d’autres choses, croyez-moi:

algum dos meus leitores, por acaso, conhece vince guaraldi? terje rypdal, manu katché, jan garbarek?

henry mancini, egberto gismonti, charlie parker, cole porter, pat metheny, et al. são fáceis demais e não entram nesse boast about sem fim… (reparou que eu usei a oxford comma?) privo-me de incluir os links. me sinto um papagaio falando isso é bom isso é bom isso é bom…

pensar com calma em o que eventualmente recomendaria dá trabalho demais – coisa de que nunca gostei muito, a não ser quando inexoravelmente imprescindível. faça sua própria pesquisa: gosto é que nem cú…

…e pra quê tudo isso? pasme! por causa de um vídeo que eu vi do “i love lucy”, em que aparece a tallulah bankhead:

coisas da adolescência. memórias deliciosamente adolescentes que ficaram e nunca, jamais devem ir embora…

mas, voltando ao assunto da música, jamais colocarei esse tipo de música como toque do meu celular (anymore…). foi engraçado em 97, 98, quando era novidade usar esses tipos de arquivos diferentes. a partir de 2001, usar o até então arquivo ΜΠ³ como “a coisa mais diferente e maravilhosa do mundo” deixou de ter graça… em geral

hoje em dia, “hip people” ainda colocam coisinhas engraçadas como toque do celular… fico im-pre-ssio-nadomesmo, ao ver gente inteliformada colocando funk como toque do celular… sempre quando ouço a bourgeoisie, gente de classe pra lá de média brincando de “vai cachorra”, penso que essa gente é doente, já que o celular custou 3 vezes o orçamente da gente que elaborou o funk… (quando não envolvidas com drogas, claro…)

mesmo a blossom, no vídeo acima… não é exatamente a mesma coisa mas… que fascimo é esse?

oi! você piscou o perto da gravação desse vídeo, e agora o mussolini vai te arrebentar, te prender, cobrar royalties… “no pictures are allowed in here”…? com o dedo em riste!

quase deixei de gostar dela… ainda bem que ela já morreu, senão ela vinha bater na minha porta… será que ela aparece em sonho? tô fudido, a não ser que ela venha pra cantar…

coisas de uma outra época. passado. imagine essa mulher lidando com downloads infinitos de música, vídeo, foto..

voltando aos toque de celular… o que tá me incomodando: a não ser que faça parte de uma comunidade verdadeira na favela, ou no maranhão, ou no piauí, alagoas, bahia…, passando por todo tipo de necessidade material, comidal, ou experimentando música e poesia como maneira de fuga da realidade, fuga da realidade REAL (me perdoe se isso parece fascista), tudo isso é artificial, ridiculamente artificial; feio, besta, “sou rico-e-tenho-conforto-material-mas-quero-proclamar-que-me-importo-com-os-pobres-MUITO-à-distância-MUITO-MUITO-à-distância”, kinddah ringtone

…de repente você está no meio de uma reunião com a elite pensadora, pesquisadores especializados, com anos de estudos antropológicos, técnicos, sociológicos… gente supostamente preocupada com a fina seleção de gostos através dos séculos, cultura lato sensu, throughout anos de dedicação, e alguém deixa escapar um toque de celular como, “vai cachorra, au-au, me bate… só um tapinha não dói…”

pra mim, o fim

…mas nessas horas, se alguém des-traiu, o bom-tom reza que a gente deve sorrir e… sei lá…

soltar um peidão bem alto? um arroto?

pppppprrrrrprrprrprpprprrrrpszszspzpzszzzsssssssss?

amém?

la poésie partout n’importe où

esse cara, o jarbas agnelli, viu poesia em pássaros pousados em fios de eletricidade – coisas que só existem em cidades grandes de países de terceiro mundo ou em cidades muitos muito pequenas e bem afastadas de centros urbanos em países do dito primeiro mundo

até os 3 minutos do vídeo ele explica como e porquê. interessante

daí em diante, música e sensibilidade de primeira. hiper criativo. adoro admirar (e invejar) a criatividade alheia:

 

rilke comforts me

uma pessoa interessada em meu bem-estar psíquico me recomendou rilke, mais especificamente a poesia de rainer maria rilke. comprei as elegias de duíno. li tudo em duas semanas, regurgitando trechos para processar melhor. vou continuar lendo rilke. as elegias serão minhas companheiras tanto quanto a poesia do manuel bandeira. gostei bastante da profundidade espiritual das reflexões dele. estou ávido para comprar outras coisas, como o sonetos a orfeu e o cartas a um jovem poeta

rilke (1875-1926)

ler a poesia do rilke faz um monte de luzes se acenderem no cérebro, muitas vezes com a identificação plena e a certeza de que ele descobriu, 100+ anos antes, tudo o que está na minha cabeça, no meu desconsolo com o mundo, dentro do meu mundo psíquico. só que muito mais bem elaborado:

Quem, se eu gritasse, entre as legiões dos Anjos
me ouviria? E mesmo que um deles me tomasse
inesperadamente em seu coração, aniquilar-me-ia
sua existência demasiado forte. Pois que é o Belo
senão o grau do Terrível que ainda suportamos
e que admiramos porque, impassível, desdenha
destruir-nos? Todo Anjo é terrível.
E eu me contenho, pois, e reprimo o apelo
do meu soluço obscuro. Ai, quem nos poderia
valer? Nem anjos, nem homens
e o intuito animal logo adverte
que para nós não há amparo
neste mundo definido. Resta-nos, quem sabe,
a árvore de alguma colina, que podemos rever
cada dia; resta-nos a rua de ontem
e o apego cotidiano de algum hábito
que se afeiçoou a nós e permaneceu.
(…)
Primeira Elegia

_

o rilke aparece como lampejos em vários poemas do bandeira, como em “a vida / não vale a pena e a dor de ser vivida. / os corpos se entendem mas as almas não. / a única coisa a fazer é tocar um tango argentino.” (antologia), ou em “chora de manso e no íntimo… procura / curtir sem queixa o mal que te crucia: / o mundo é sem piedade e até riria / da tua inconsolável amargura.” (renúncia)

quando se lê a poesia do rilke percebe-se como ela é profunda, como ela toca lá no âmago, no núcleo transcedental do eu. ao mesmo tempo, ela eleva à exosfera, às altitudes sublimes do raciocínio. quer ver?

Não, não mais buscar: que seja esta, voz da madurez,
a essência do teu grito. Gritaste, em verdade,
com a pureza do pássaro, quando erguido pela estação
que ascende, quase esquece que é um ser desamparado,
coração solitário lançado às alturas, na intimidade
do céu. Como ele, buscavas a amiga invisível
que te pressentisse, a silenciosa em que uma resposta
desperta, lenta, e se esquece ao ser ouvida – a companheira
ardente do teu sentimento exasperado.
(…)
Anjo, mesmo que te aliciasse não virias, pois meu
apelo é sempre denso de repulsa; que podes tu
contra a caudal do meu horror? Um braço estendido
é meu chamado. E a mão que ávida se espalma
para o alto fica diante de ti, ó Inapreensível,
como defesa e advertência,
amplamente aberta!
(…)
Sétima Elegia

_

algumas coisas tem a capacidade de me transformar em fã imediato. isso vale para amigos, autores, poemas, professores. o expressionismo da poesia do rilke é uma delas

estes poemas foram traduzidos dos originais em alemão pela dora ferreira da silva. pra encerrar:

“quem desconhece a angustiosa espera diante do palco sombrio do próprio coração? Olhai: ergue-se o pano sobre o cenário de um adeus.” (Quarta Elegia)

demais

_

la mort, l’art

eu me fascino pela morte: por medo, pela sedução

no primeiro caso, morro de medo de perder as pessoas de que gosto. sua ausência será terrível; a saudade, mortal

no segundo, gosto de pensar na minha própria morte e, ao contrário do senso comum, gostaria de encontrá-la hoje, agora. je suis un inadapté à la vie

click to go to site

i'm a fan-at-first-sight of gunther von hagens

a morte é um grande alívio; a vida é esquisita e desde sempre a humanidade se preocupa em como preencher a existência. horácio pôs em poesia pela primeira vez o conceito do carpe diem, colha o dia, carpe diem quam minime credula postero, pensar no futuro o mínimo possível. como bom hedonista que sou, adoto essa idéia como lema de vida. odeio fazer coisas de que não gosto: uma chatice. e quase tudo na vida é chato, muito chato. talvez por essa condição – achar que quase tudo na vida é chato -, me interesso tanto pela minha morte – e pela morte dos outros também

mas… eu, só? não… todomundo, todo-mundo, se interessa e se fascina pela morte. na poesia, na literatura, nos filmes, na pintura, na escultura: a morte na arte é onipresente.

é parecido com a força da natureza. pense em como a gente se fascina com o poder do inevitável: uma tempestade é encantadora; o mar revolto, tão sedutor; um vulcão em erupção; um meteoro destruidor. a gente adora. morte e vida se articulando… vida… morte… o que é bom, afinal?

além de horácio, outros poetas pensaram na desgraça de estar vivo, na estupidez sem sentido da vida: a sequência de bestialidades que a gente é obrigado a cometer para comer… alceu de mitileno, amante de safo, é um deles, e eu me identifico muito com ele; eu e baudelaire: bebamos!

“beba pra afastar suas tristeza, beba porque a vida é curta, beba pra se aquecer no inverno…”

baudelaire tem um poema que chama enivrez-vous, “fique bêbado; sempre! de quê? vinho, poesia, virtude, sei lá; mas fique bêbado! pra não sentir o fardo horrível do tempo esmagar seus ombros, te moer na terra adentro… pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro… a tudo o que passa, tudo o que geme: que horas são?

– hora de beber! não seja escravo do tempo: fique bêbado! de que? vinho, virtude, poesia, sei lá.” (trechos traduzidos e misturados por mim)

mais do que achar sentido, fugir! não é? acho que é… a fuga é mais gostosa, muito mais gostosa do que buscar sentido. tanto quanto aprender é mais gostoso do que ter conhecimento

esse cara, o gunther von hagens, criou uma exposição muito interessante. ele desenvolveu uma técnica de plastinação de corpos, algo de uma certa maneira parecida com o que damien hirst faz, mas, os sujeitos da arte dele doam seus corpos para a arte, para a instrução humana. ele retira a gordura, preserva os tecidos humanos e depois dispõe as pessoas em poses artísticas; objetos da morte… muita gente reclama, e eu acho que essas pessoas tem um grave problema mental… olha que lindo isso:

two bodies intertwined

eu acho incrível e admirável que algumas pessoas deixem em testamento a ordem (bequeath) para que seus corpos sejam doados, após a morte. seja para o aproveitamento de órgãos, seja para a arte

o que será do meu corpo quando eu morrer? puta merda! se virar arte e for parar num museu… já pensou? instruir a humanidade: olha o que acontece com o intestino e o fígado quando se bebe demais; olha o pulmão de um ex(?) fumante; as consequências de morar numa grande e POLUIDÍSSIMA cidade… olha os rins… olha o pinto dele como era grande………. deu pra fazer uma viga de sustentação pro teto da exposição… : )

outras pessoas antes já trataram da morte através da arte, gente do calibre de géricault com seu le radeau de la méduse (1819), barco em que as pessoas tiveram que comer um ou outro para sobreviver… yummy… dizem que a carne é adocicada… esse quadro é tido como a melhor alegoria para a instabilidade, a efemeridade, a estupidez da vida e a impotência do ser humano diante dela

a balsa da medusa... hua hua hua... terror a bordo... morte transformada em arte

o meu pinto, na verdade, ia dar pra fazer dois ou três hambúrgueres, quando muito… carne dura, if you know what i mean… das 147 pessoas no barco, as 15 sobreviventes se abastariam…

gosto muito da pintura do romantismo, essa pintura de boêmios com alma atribulada e extremamente sensível pra miséria do mundo. goya é demais. delacroix também. as cores, a atmosfera… tudo envolto na bruma da morte, presente no ar como o odor de um frasco destampado. baudelaire

de profundis clamavi (salmo recitado para os mortos) “imploro-te piedade, a ti, razão de amor, do fundo abismo onde minha alma jaz sepulta”

Caspar David Friedrich

uma jornalista (beate lakotta) e um fotógrafo (walter schels) da alemanha levaram a arte da morte a um patamar que me fez perder o chão. eles entrevistaram e retrataram pessoas com doenças em estágio terminal – vai morrer hoje? amanhã? quem sabe…? veja a reportagem no britânico guardian (in english). aqui tem o site com as fotos da exposição. antes que você clique, um aviso: as fotos retratam pessoas vivas, dispostas a falar sobre suas doenças terminais, e depois; mortas. é lindo. a morte é linda… a exposição dói – eu choro sem parar, mesmo sendo sobre pessoas que eu não conheço… esse tipo de arte é muito forte… e ao mesmo tempo, lindo demais… sou eu? é você? somos todos ali

eu choro. você também?

a exposição: life before death

afinal, lidar com a morte ajuda a gente a viver melhor? hum… sei não

mas é nossa única certeza

a morte é gostosa

mas é tabu

_

jactância, bazófia, vaidade

gosto dos textos do millôr

adoraria escrever gostoso assim; mas foi ele quem primeiro pôs esses pensamentos em evidência… achei na coluna dele na veja, baseado no texto do conde que virou, inclusive, nome de rua na vila mariana (afonso celso)

amá-lo-hei

:

Por que me ufano!

“editado em 1900, ‘porque me ufano do meu país’, do conde de afonso celso, foi traduzido em doze línguas, vendeu zilhões e criou o sentimento do ufanismo. quer dizer, antecipou o dito de nelson rodrigues: ‘toda unanimidade é burra’. é só ver show com 1 milhão de assistentes, jornal nacional destinado a 30 milhões de espectadores, discurso de candidato político visando a 50 milhões de eleitores

nos anos 60 escrevi peça usando o título ‘porque me ufano do meu país’, gozação evidente. a censura proibiu, por não perceber a gozação. ou por perceber, sei lá

o livro é mais fantástico até do que o brejal dos guajas, do sarney

predador fdp: não custa lembrar, o maranhão continua sendo um dos "top 5" mais pobres do brasil

[a imagem acima quem pôs fui eu: escolha pessoal minha, não do millôr …continuando com o livro do afonso celso, em comentário do millôr…]

_

tem epígrafe em inglês: ‘right or wrong, my country’. o conde é supernacionalista, mas não resiste ao gringo. que não traduz. e não diz, ou não sabe, quem é. eu sei

o gringo é stephen decatur, herói leatherneck, fuzileiro naval americano. traduzo: ‘certa ou errada, minha pátria’. g.k. chesterton comentava: “é o mesmo que dizer – ‘minha mãe, sóbria ou bêbada‘”

reproduzo aqui trechos do livro, com o nobre intuito de iluminar vosso ufanismo:

  • quando disserdes “somos brasileiros!”, levantai a cabeça, transbordantes de nobre ufania. deveis agradecer todo dia a deus o haver ele vos outorgado por berço o brasil
  • a flora brasileira é maravilhosamente rica, dado aí se juntarem todas as flores e frutas do universo
  • negros, brancos, peles-vermelhas, mestiços, vivem aqui em abundância e paz
  • as matas brasileiras são tão compactas que se lhes poderia caminhar por cima
  • notabiliza-se ainda a floresta brasileira pela ausência relativa de animais ferozes
  • os pampas do sul, pátria do tufão, são atravessados por armentos de poldros indômitos, têm jardins incomparáveis, flora opulenta, fauna inestimável – aves que não emigram, de bem que se acham onde nasceram
  • abundam em várias regiões do país minas de ouro e jazidas de diamantes. algumas regiões chamam-se, com propriedade, ouro-branco, ouro-preto, ouro-fino, diamantina
  • em certas regiões até a poeira dos caminhos é aurífera
  • em alguns pés, em mato grosso, as laranjas, já muito doces, quando murcham nos galhos reamadurecem dulcíssimas. verdadeira ressurreição
  • ao lavrador é fácil retirar da terra tudo quanto precise, exceto sal, de que, aliás, se encontram no brasil grandes jazidas
  • quase todas as culturas dão duas colheitas anuais
  • em seu subsolo, solo, ares, selvas, águas, está tudo. poderia, se quisesse, erguer em torno de suas fronteiras a muralha da china
  • ninguém, querendo trabalhar, morrerá de fome. parece país de milionários, tão largamente se gasta
  • feridas e amputações cicatrizam mais depressa do que nos hospitais do velho mundo
  • as florestas têm poucos animais ferozes. os que existem limitam-se a defender-se, fazendo escassas vítimas
  • no amazonas se conhecem albinos que entretêm grande familiaridade com animais. as onças aí são inofensivas. serpentes gigantescas guardam as cabanas
  • entre nós há tolerância e ausência de preconceitos de raça, religião, ou posição, decaindo mesmo em promiscuidade
  • o brasileiro, em última análise, passa os dias mais felizes do que o alemão, o francês, o inglês, dias mais serenos, mais risonhos, mais esperançosos
  • quase todos os homens políticos brasileiros legam à miséria as suas famílias. qual o que já se locupletassem à custa do benefício público?”

_

diliça…

..e tantos ainda acreditam/reproduzem a estupidez…

que a ignorância, como contra-exemplo, sirva de mola propulsora à inteligência, à crítica, ao esclarecimento…

o brasil é um país tão cheio de coisas boas…

verry good countrry - pronuncie como um estrangeiro, babando... ávido por extrair lucro

eu não moraria em nenhum outro país… serei eu um Homophrosyne com o bobo do afonso celso? (homophrosyne – união de coração e mente, dentro de uma amizade ou matrimônio) -adoro grego e cultura helenística

só pra constar, os estados mais analfabetos = + pobres do brasil são, por todos os critérios imagináveis:

1.alagoas, 2.piauí, 3.paraíba, 4.maranhão, 5.bahia…

diliça… dá-lhe academia brasileira de letras!

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löwendenkmal

hoje fiz prova de teoria literária. para relaxar, almocei, dormi e depois comecei a ler coisas em inglês, até chegar a mark twain. que delícia ler o texto desse homem: é incrivelmente bem escrito e por isso incomensuravelmente gostoso de ler. ele escreve de um jeito engraçado, com muito talento, fazendo a gente rir às vezes do começo ao fim da história

o livro que eu tava lendo chama “a tramp abroad” e pode ser colocado no gênero de literatura de viagem. twain narra suas peripécias pela europa com um amigo (harris), fazendo um monte de palhaçada. em um determinado ponto ele descreve o leão de lucerna

löwendenkmal - monumento leão

estátuas de leão são sempre bonitas, mas essa realmente impressiona. a escultura representa um leão morrendo, escondido numa reentrância da rocha. o monumento é uma homenagem aos guardas suiços que morreram defendendo luis xvi, louis le dernier, durante uma das insurreições da revolução francesa. o leão está deitado sobre um escudo com a fleur-de-lis, ferido por uma lança. em cima do leão está escrito helvetiorum fidei ac virtuti – à lealdade e coragem dos suíços. o escultor se chama bertel thorvaldsen

uma bonita alegoria para o fim da monarquia na frança

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mark twain tem muitas outras histórias, entre romances e contos, a maioria divertidíssima. pudd’nhead wilson (wilson cabeça de pudim… hehe), how to tell a story, adam’s diary, the awful german language… tudo muito bom: o melhor remédio pra dor de cabeça, ressaca, cansaço de prova, fim de caso e mau humor

;-)

le monde est sens dessus dessous

uma certa atriz nos estados unidos foi proibida de consumir álcool (!). um dispositivo em seu corpo monitora o consumo eventual da pepita líquida e notificará imediatamente as autoridades para que a criminosa seja peremptoriamente presa

fico consternado de ver como a história da humanidade é cíclica: lei seca, letra escarlate, fogueira… coisas que se repetem tempo-aqui, tempo-ali; sempre há algum idiota tentando moralizar o comportamento das pessoas em um certo grupo

e de que grupo está-se falando? atores em hollywood. hum… sei… atores nos estados unidos da américa não poderão mais beber?… (precedente, precedente…)

o mundo é tão de ponta-cabeça…

não seria mais fácil proibir todas as substâncias que deixam a gente alegre, às vezes bobo, muitas vezes arrependidos das coisas que fizemos e de que nos lembramos no dia seguinte? na categoria “todas” entra tudo, sem exceção: álcool, maconha, cocaína, heroína, macdonalds, crack, coca-cola, ketamina… (as drogas nesta lista não estão ordenadas por ordem de prejuízo causado ao próprio corpo ou à comunidade…)

que estupidez que estupidez que estupidez…

tudo isso

agora, sabe o que mais me irrita? as coisas que a imprensa leva a gente a pensar e a debater…

quem se importa se a fulana vai ser presa? eu, com certeza, não. se ela é louca, bebe até cair, bate o carro e eventualmente mata alguém, é problema dela e dos envolvidos.

e por que a imprensa me faz pensar sobre isso, mesmo quando ela mata alguém?

me preocupar com o consumo alcoólico de atores hollywoodianos, e querer debater o assunto? que raiva! tanta coisa útil pra divulgar…

mas, cabe a pergunta: por que quem vende não é incriminado e penalizado junto? e por que o consumo é, aliás, incentivado?? muita grana envolvida? não sei… serei eu o último ingênuo?? ô mundo lôco! será que isso tem alguma coisa a ver com o fato de as empresas serem consideradas “pessoas”? êita estratégia jurídica para a impunidade…

só pode incriminar plantador de maconha ou vendedor de cocaína?? o álcool, por acaso, pertence a uma categoria mais benéfica de droga??? ???

yes... I zrink... WHO ZUSNUT ??

ou libera tudo e o maldito estadocontrato social – monitora excessos, ou não enche o meu saco!

gosto de liberdade: se álcool pode, tudo pode!!! !!!

e tenho dito

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paprika – Capsicum annuum

cada vez mais tô botando isso na minha comida: adoro o cheiro, a cor, o sabor…

quase sempre em pó... mais prátiu

omelete sopa homemade-hamburger arroz salada feijão meat pão-com-queijo…

diliça

paprika. às vezes conhecida como chili pepper, às vezes como pimetão, e suas variedades -royal embers

boa pra dispepsia (indigestão), gôta, flatulência, e até superstitio (afasta os espíritu)

podi sê vremeia, podi sê maréla… dependi dos otro tempero

é sempre bão. óia a flô:

unsettled

me questionaram do por quê (com acento e separado – primeira vez na vida, acho, uso assim), tenho abordado tanto um certo mal estar com o mundo como ele é atualmente. esse “atualmente“ precisa estar entre aspas para fazer parte do que pretendo dizer

Scott Walden – Unsettled #47 (1998)

primeiro e que fique tudo bem multiclaro: o tudo que “pretendo dizer” são coisas velhas, cansadas, pisadas e repisadas por gente que já existiu muito, muito antes de mim; ou seja, o que me faz sentir mal, muitas vezes com ânsia de vômito (novidade sentida agora na minha pele de citadino do século XXI, com as peculiaridades do meu zeitgeist), já foi debatido por gente como sócrates na grécia antiga, e pelos pensadores alemães, ingleses e franceses do iluminismo

e o quê é atual para mim e o quê me faz querer vomitar hoje? posto de forma simples, uma sensação de que as coisas não deveriam ser assim

de forma mais elaborada – prepare-se! respire fundo, como m. bandeira: …………………………………………………………………………… e ponha um tango argentino pra tocar

bem, elaboradibilidadamente, coisas todas muito entrelaçadas como o contrato social (meu deus, as cláusulas desse contrato precisam mudar! …e como faz agora? contrata um advogado??) o estado da natureza (o ser humano será sempre um bicho, se entendendo quando possível, monitorado ou não pelo estado), jean-jacques rousseau, thomas hobbes, john locke. um pouco me arrependo de ter escrito isso. primeiro porque muita gente já o disse, depois porque não li tudo o que escreveram; preciso elaborar melhor tudo isso dentro do meu mundo psíquico… e também porque essas idéias estão muito ligadas ao conforto burguês do século xviii – gente pobre, sem tempo de ler ou money pra comprar livro, portanto ignorante, por acaso se preocupa com isso tudo?

e por que falar deles então? hum… porque eles formularam teorias que me interessam, seja para compreender melhor o mundo como ele é, seja para sentir raiva, ficar inconformado, quiçá interferir pon.ti.lha.da.men.te e com muita amargura… minha interferência é microscopicamente insignificante e eu não consigo palpar nada, ‘magina, pegar a sociedade pelas rédeas e tentar mostrar uma direção melhor… a resposta está dentro do nosso espírito e eu já falei sobre isso, fazer o que é certo… isso não acontece do jeito como eu acho que deveria e isso, no fundo, dói, incomoda demais

hegel articulou o fim da história. que demais isso! é profundo e eu preciso ler muito muito muito mais pra começar a entender: hoje não sei nada ainda (estou me sentindo o próprio sócrates: scio me nihil scire). apenas inferi que ele propõe o fim dos processos históricos de mudança porque a humanidade atingiria o equilíbrio, a igualdade… haja amor pelo seu próximo! ah! isso é que dói: como isso é im-po-ssí-vel… (adoro fazer separação silábica por intuição: veja que ridículo determinar, sem vínculo com o uso corrente ou qualquer bom senso, que duas consoantes em sequência devem ser separadas… tsc tsc tsc)

hegel também fala bastante sobre o estado e a vida ética, preocupações de quem leu bastante platão, aristóteles, spinoza, kant, marx… ∞

esse cara viveu o período da revolução francesa (que queria, entre muita muita coisa, o “fim da servidão e dos direitos feudais”), e do iluminismo: uma época na história humana em que tomou lugar a supremacia da inteligência e da ciência sobre a fé e sobre o misticismo. tudo isso, marco do início da idade contemporânea. não foi nada fácil viver no século XVIII, mas como eles mudaram o futuro, mesmo sem saber de que forma mudaram. (mudanças não são possíveis hoje… ou então eu é que estou pessimista demais mesmo…)

depois de tudo isso, nós deveríamos viver em relação de liberdade, igualdade, fraternidade, bordão cunhado pelo rousseau, na época em que os princípios universais foram pensados, idealizados

Delacroix - Liberty guiding the people

e o mundo ainda gira mais ou menos da mesma forma… não há nada de novo sob o céu… depois de tanto tempo, depois de tantas gerações, tantas guerras, desentendimentos, depois de tantos pensadores inteligentíssimos, tantas tentativas de unificar; tudo igual, relativamente igual

nada mudou… nós (eu e você) continuamos reféns dos barões feudais, usurários, agiotas, donos de banco – dê o nome que quiser… é o mesmo bando de filho da puta sorvendo o líquido vital das nossas veias… chupando de canudinho… feito de platina e diamante

é isso o que me revolta! ou, posto de outra maneira: putz! eu sou super impaciente com o transcorrer da evolução da espécie… tá demorando demais pro ser humano dar um salto qualitativo, seja como for…

isso é o que me deixa inquieto, inconformado, muitas vezes bem amargurado, porque entendi que não há nada que eu possa fazer: a resistência sempre será maior que meu parco, e agora desconsolado, esforço

o ser humano é um bicho maldito, verme miserável, vírus detestável na crosta do planeta…

que venha nibiru

_

i hate carrefour

odeio megastores em geral, ultra-impessoais, curral de boiada… mas o carrefour supera todas as que você consegue imaginar

boicote total! o atendimento do carrefour - surpresa! - é de lascar

no carrefour o atendimento é péssimo, se você precisa de um gerente ele não aparece nunca e, se você chamar um, eles te lançam como bolinha de pingue-pongue de um lado pra outro: vá pro caixa, agora vá pra central de atendimento, agora vá pra putaqueopariu, e você nunca encontra sequer um funcionário responsável, todos sempre falando por rádio: qap, pqp… além do que eles fazem tudo aquilo que as megaredes fazem e que a gente sempre tem medo: adulteração da validade dos alimentos, compra de produtos de sweatshops, funcionários mal remunerados, mal treinados, infelizes, compra de produtos contrabandeados… a lista é longa

que raiva que dá… mas eu devo ser muito idiota mesmo: por que continuo indo lá? vou lá pra fazer o favor de comprar nessa bosta de supermercado?

recomendo o boicote!

c.campos, m.silva, m.felinto

virei fã da cidinha campos. quero ser amigo dela e almoçar todo dia junto, vituperando contra os parasitas no poder. olha como ela é porreta, discursando na assembléia dos deputados no rj:

com a palavra, a ilustre e ilustrada deputada cidinha campos. acho engraçada essa liturgia datadíssima dos deputados, senadores etc… absolutamente desnecessária

é pra eleger, então, uma mulher presidente? proponho aqui a chapa: marina silva presidente, cidinha campos vice. marilene felinto presidente da câmara. ia adorar ver, em especial, a marina e a marilene sendo tratadas por “vossa excelência”. joga a dilma fora, na lata de lixo da história

quero gente cínica no poder. o cinismo de antístenes, não esse que você tá pensando…

“transformar o extraordinário em cotidiano” (mfelinto)

…e cuidado com o que você vê e ouve na tv:

eu achei essas duas últimas imagens no blog tudo em cima. interessante

return to nature

hoje eu encontrei mais uma vez a filha de uma vizinha muito legal aqui do prédio. ela cansou da cidade, com sua estrutura social sufocante, esfrangalhada, de gente querendo se matar no trânsito, no trabalho, no supermercado; cansou da poluição, da sujeira, da corrupção, das iniciativas frustradas, enfim, tudo o que a gente ama odiar em são paulo.

foi morar em uma comunidade alternativa, escondida nos cafundós do judas. lá eles voltaram a viver em harmonia com pessoas que aprenderam a se respeitar e a trabalhar pelo bem estar comum. lá não tem trabalho remunerado. cada um tem uma função na comunidade: eu planto, você colhe, eu dou comida pra vaca, você tira o leite, e assim por diante.

a filha da minha vizinha é uma redatora de mão cheia. já trabalhou em jornais famosos e já foi chefe de redação de uma revista aí. chegou um dia que ela deu um basta e abraçou um estilo de vida que me deixa bastante balançado. toda vez que eu me encontro com ela eu digo: dessa vez eu vou, dessa vez eu vou… sabe o que ela faz lá? ela é uma das responsáveis pelo contato com o mundo exterior: ela escreve um jornal e visita a cidade mais próxima para ajudar alguns comerciantes a melhorar o visual de uma placa, o logo de uma loja, a redigir um documento importante. em troca ela recebe víveres, remédio, roupa, livros.

em nenhuma hipótese existe troca de moeda. isso eu acho demais. lá na comunidade ninguém paga imposto, ninguém dá satisfação pras autoridades. isso pode ser meio perigoso mas eu fecho com thoreau e sua desobediência civil. água tem em todo lugar, eletricidade é gerada por painéis solares, e tem até internet. todo o conforto que a gente precisa. cultura às vezes pega: eu gosto de teatro, museu, ópera, cinema… mas, essa amiga deu muita sorte. na comunidade dela tem muita gente interessante, pensante, culta. eles criam apresentações, visitam tribos indígenas, promovem a absorção da cultura deles – muito diferente de intercâmbio cultural, que é outra coisa – dão palestras, educam suas próprias crianças…

hoje ela me deu algumas dicas e me falou de uns blogs legais, pra eu aprender mais. olha que sensacional – essa gente preocupada com o ambiente pensa em cada coisa genial…

(clique na imagem)

vai um vegetal fresco aí?

tudo plantado em garrafa pet

não só se deu um uso para as garaffas de plástico que iriam entupir tudo quanto é rio, como criaram a possibilidade de se comer verduras frescas hidropônicas – sem pesticida etc. – mesmo se você mora em um apartamento pequeno.

olha que legal esse blog que ela recomendou (clique na imagem):

comunidade verde dentro

gente realmente preocupada com a natureza

a gente normalmente vive tão acostumado com certas idiotices modernas que nem percebe o quão somos gado para os donos do mundo. somos bicho mesmo: domados, treinados, manipulados em todos os sentidos. qualquer que seja o mecanismo usado – lavagem cerebral, mensagem subliminar, influência direta – nós somos todos uns idiotas buscando as mesmas coisas inúteis: dinheiro, carro, apartamento na praia, fazer pose em restaurante fino, glamour… nada disso preenche nossa existência aqui neste planeta. e “buscar a felicidade” é um dos conceitos vazios mais odiosos de todos os tempos: ninguém atinge esse um tal de estado de felicidade. …e olha só como isso é explorado pra vender sabonete, cerveja, gasolina, conta no banco… odioso. odioso.

eu vou. não hoje, mas vou. já acordei e não quero mais ser títere, sombra de mim mesmo

me espera?

“A maioria de nossos males é obra nossa e os evitaríamos, quase todos, conservando uma forma simples de viver, uniforme e solitária que nos era prescrita pela natureza.”

Rousseau

posto de outra forma: será que é tarde pra me identificar com os beatniks? serei eu um novo sal paradise?

puke

os posts no meu blog tem o movimento catártico do vômito: eu sei quando quero escrever – tanto quanto sei quando preciso vomitar. muitas vezes não quero escrever, mesmo quando sei que seria bom escrever – tanto quanto sei que vomitar seria bom, especialmente quando bebi demais ou comi coisas estranhas à flora intestinal e aos movimentos peristálticos, por exemplo

passo um bom tempo sem escrever no blog – tanto quanto passo meses sem vomitar (antes que alguém imagine: não, não tenho vomitado ultimamente, nem seria isso motivo para inserir novo post em meu querido blog)

mas por que, então, tanta escatologia? por que associar o exercício da intelectualidade ao vômito? respondo, do meu jeito: porque as coisas que mais me incomodam são muito parecidas com o vômito: elas ficam dentro de mim, seje dentro do estrômbalo, seje dentro do cérbero

eu boto adentro uma porção de coisa que num devia. a maioria dessas coisa é uma dilíça quando entra, e todomundo já entendeu que na maioria das vezes é uma merda quando sai; seje merda literalmente (no âmbito físico de falar), seje em pensamento (no âmbito abstrato-subjetivo-intelectual de falar)

e daí? (gosto de dialogar com os meus leitores…) algumas coisas ficam ecoando – e esse é o poblema. como e bebo muitas coisas estranhas. física e espiritualmente. em geral tudoisso envolve arrependimento. mas a questão aqui é o que já SEI que NUNCA mais quero por adentro – seje pela goela, pelo canal auditivo, pelo nervo óptico, e, às vezes, até pelo cólon sigmóide…

é carnaval agora, e todomundo, no brasil, pelomenos, está pensando em que lugar vai sambar, gritar, beber… por que? POR QUÊ?? por quê fazer de conta que em uma semana tudo é alegria exacerbada e inconsequente e tudo pode???

(vômito)

porque a mídia assim O vende. tanto quanto o natal, tanto quanto qualquer outra festa idiota e artificial que venda, aumente a ocupação hoteleira, gere receita… e assim o mundo gira?

pense, pense, PENSE

é assim que o serumano vive? tudo bem que é uma oportunidade pra beber rir trepar vender e até incluir… mas, precisa a TV fazer uma COBERTURA ONIPRESENTE para a ser humano se soltar? (seja no natal, na quermesse, no carnaval…?) a gente – é, sempre me incluo… -, não poderia se soltar sempre e de um jeito natural?

olha a imagem que o brasil vende pro mundo: bunda cachaça putaria…

(vômito)

pra mim o carnaval e a alegria falsa têm – mui apropriadamente – esta cara:

Alfred E. Neuman RULES!!!

Alfred E. Neuman RULES!!!

alguém aí se preocupa com os inúmeros escândalos políticos? um após o outro, vezes mil por ano, todos insolventes…

natal, carnaval, corpus christi, páscoa…

tudo a mesma merda… e tudo muito cheio de hi-po-cri-sia. vamos fazer de conta que está tudo bem… ATÉ QUE PONTO??

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recomendação do dia: leia tudo o que puder sobre desobediência civil

estou cada vez mais fazendo proselitismo das idéias do H.D. Thoreau

aqui tem um pouco: leia este texto

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xmas by a grand penseur

o natal chegou. de novo… eu só sei porque vejo ruas prédios casas escolas bancos cheios de enfeites luzes bonecos neve anões

essa época do ano é muito esquisita. todomundo é coagido a sentir que precisa ser feliz. isso está profundamente incutido no cérebro, resultado de anos de lavagem cerebral pela mídia

as pessoas sentem uma urgência para consumir: querer comprar: presente comida amigo afeto

um comportamento já transformado em cultura por anos de transmissão de tradições

tudo muito artifical: neve. em um país em que a temperatura em dezembro gira ao redor de 30 graus…

além da essência comercial -o grande fulcrum do natal nas sociedades modernas-, muitas coisas ainda são ligadas à religião. ops, hein? é. re-li-gi-ão. não, sinto desapontar, mas a origem do feirado não é comercial, é religiosa. não foi inventado pra vender panetone, e sim para celebrar o nascimento de jesus. quem?

tudo muito cheio de hipocrisia. a realidade da sociedade é tão diferente do que o feriado deveria celebrar… a gente vive feito animal em selva: só o mais forte sobrevive etc., mas no natal…

veja esta foto que o meu amigo “alex” (este apelido tão americanizado foi utilizado para ocultar a verdadeira identidade pessoal humanística cadastrativa do elemento homo universalis) tirou em uma de suas inúmeras incursões entre o povo, o verdadeiro povo brasilien:

serendipitous a.

papail noel existe E está entre nós; olha só QUANTOS PRESENTES ele traz

o natal já passou agora, mas pense nisso quando for passear em um templo de consumo BEM artificial no fim deste ano

ultimamente eu tenho sentido muito mais vontade de me sentar ao lado desse cara aí da foto do que de colocar uma roupa bunita e fugir da realidade em ambientes de manipulação coletiva, nos quais só falta as pessoas receberem uma injeção de estupidez logo na entrada – pra poder consumir more

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ps: le grand penseur n’est pas moi, mais alex -pour ceux qui pensait que j’étais un grand penseur…

price

e se fosse possível vender minha alma? qual seria o preço?

r: o número de anos que eu vivi vezes 70 vezes 7 (seguindo tradições da bíblia, gosto de multiplicar símbolos por setenta X sete), traduzidos na morte de pessoas à minha escolha, no prazo que eu quiser, e com base em uma série de outras minhas condições no momento do fechamento do acordo…

o primeiro seria o fdp que roubou meu capacete, menos por relevância que por proximidade temporal.

os outros seriam vaporizados por um olhar ou pela força da mente, mediante uma senha de segurança…

se a venda fosse feita hoje, eu poderia limpar a terra de mais de 10 mil almas sebosas: não é muito, mas já ajuda…

Hans Baldung Grien - Eve, the serpent and death

Hans Baldung Grien - Eve, the serpent and death

este pseudocontrato é protegido pelo seguinte meta-disclaimer (in english)

Tenebral Age

Eu me interesso pelos nomes dos períodos históricos:

Pré-história, Mundo Antigo, a escura Idade Média, as inúmeras eras e sub-eras: Era Moderna, Era do Renascimento da Razão, da Reforma, da Iluminação, das Descobertas, do Romantismo…

Sempre achei peculiar a pré-história não ser considerada como história, apesar de ser história. O “Antes da história”. Mas se eles existiram, se deixaram monumentos (Stonehenge), se têm também sub-eras (Pedra, Bronze, Ferro)… Supostamente o “Antes da História” existe do surgimento do Universo (BUM!) até o momento em que a escrita surgiu. Será que isso é coisa do Heródoto de Halicarnassus? Eu chamaria esse período de a Era Alongada (the Warp Age). Pronto; além do nome do meu cachorro, dei nome pra uma segunda coisa na vida. Que alegria. Acho mesmo que o Heródoto cochichou aqui no meu ouvido.

Vou dar nome pra uma terceira coisa e acho que isso vai fazer o meu nome entrar pra História. Não hoje. Essas grandes e revolucionárias idéias só são descobertas tardiamente e, pra minha tristeza, essa minha serendipidade só será reconhecida após a minha morte. De forma que o Prêmio Nobel fica pros netos que nunca terei, ainda que eles pudessem dizer “meu vovô que deu o nome pra essa era”:

A Era Tenebral, The Tenebral Age. Já tava na hora de alguém traçar uma risca e determinar o fim da Era Contemporânea. Tem início agora, a partir do ano 2000 – não é um bom marco? – um novo ciclo da miséria humana, marcada por novas desgraças e poucas mas interessantes descobertas que fazem a gente continuar. Fica também determinado que a Era Tenebral irá durar dois séculos. Eu criei o nome, determinei seu onset histórico, posso também estabelecer sua duração.

Post lux tenebras

Tenebras em latim quer dizer escuro, sombrio. Tenebroso deriva dessa palavra. E é esse mesmo que deve ser o nome do período da História em que a gente vive. Mas nada muito diferente do que sempre foi: parecido com a Idade Média, mas agora a gente lava as mãos antes de comer.

Time Bomb

with the coming of ages our heads usually do explode

A Era Tenebral. E o que dirão os historiadores sobre a minha importância e sobre a minha era daqui a dois séculos? Creio mesmo que eles nos verão mais ou menos como uma fusão entre feudalismo e capitalismo. Hoje em dia existe muito mais circulação e variedade de moedas, um pouco mais de pessoas têm acesso à elas, mas essencialmente continua a grande massa a viver dentro de um feudo, um burgozinho sem fronteira, com tanta alienação quanto antes, quiçá um pouco mais por causa da tv, quiçá apenas um pouco diferente. A tv aliás tem hoje, na Era Tenebral, o papel da igreja católica: manipulação para a ignorância.

Somos todos um bando de pessoas absurdas, correndo apressadamente pra lugar nenhum e sem nenhum propósito. Tudo muito subjetivo, apesar de a subjetividade ser objetiva em um esquema racional de percepção, apesar de a percepção ser irracional e implicar iminência*.

Se eu fosse ignorante, isso não seria problema seu.

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* Vou identificar a fonte dessa brincadeira sobre a objetividade da subjetividade: Love and Death, Woody Allen. Estou apaixonado, mais do que antes, pelo humor desse cara. Alguém aí já assistiu Desconstruindo Harry? É muito engraçado. Hoje é dia de assistir Annie Hall (em português noivo neurótico, noiva nervosa).

plot unveiled

sabe aquelas denúncias que a tv sempre apresenta contra políticos sobre todas as imundícies possiveis? pois é, acabei de ficar encasquetado com uma coisa. acho mesmo que isso é mais uma das minhas mais últimas tristes constatações. qual a idéia: eles falam falam e falam e a gente fica estupefato com tudo mesmo, as imagens, o discurso (sempre o mesmo), quer seja uma coisa bonitinha, quer seja uma dessas coisas que fazem a gente vomitar de tanta raiva frustração impotência, e fica preso às imagens e ao discurso através de uma força magnética hipnotizante, seja consciente, seja subliminar.

essa mesma tv muitas vezes é útil. tem muita coisa instrutiva passando na tv, se você tem paciência de ficar zapeando até achar um programa legal. leva tempo e muitas vezes o nome do filme não confere com o que está passando… mas o que escasqueta afinal?

eles ganham muito muito dinheiro vendendo espaço para vendas. essa venda é feita através de imagens e discursos sedutores irresistíveis. a associação com instintos primitivos (fome sexo cocô) é tão forte que o apelo se transforma e culmina em orgasmo. e porque essa quantidade enorme de ovelhas que dão audiência para a tv ficam imantadas à tela? fácil. eles criam dificuldades para vender soluções. o ser humano adora desgraça. é atávico (desde a época das cavernas). ver catástrofe acidente denúncia espanta mas é gostoso. vem acompanhado de um monte de imagem, discurso e hipnotiza a gente. a gente até enraivece com a denúncia a catastrofe o time de futebor, mas no finar eles vendem felicidade (conceito vazio). e nada é ÚTIL. nada. mas a gente gosta mesmo assim. afinal comer chocolate, comprar carro, torcer pelo time, beber e comer feito idiota, e surtar de prazer vendo alguém sendo enforcado em praça pública é atavicamente orgásmico…

e daí? o quê encasqueta? a idéia da tv é essa mesma… mas vou dar um exemplo do quê irrita. o sarney, aquele mesmo sarney secular, que desgoverna o país e o maranhão (não necessariamente nessa ordem) há bastante tempo, dono de um dos estados mais pobres do país (seguido de perto pelo collor, aquele mesmo, também lá em cima, com poder para tomar decisões por todos nós), foi alvo de uma campanha demorada de denúncias porque o senado, o filho, a filha, os parentes… um certo canal globo foi um dos mais assíduos em denúncia e inconformidade. quase tanta comoção e surpresa quanto a expectativa pelo último capítulo da novela ou a curiosidade pelos personagens da novela que começa na próxima segunda-feira. é TUDO IGUAL: a novela e as notícias, as imagens e o discurso. denúncia felicidade denúncia.

por que a tv está vendendo o estado do maranhão através de uma série especial de reportagens para atrair mais turistas pra lá? o dono do maranhão não é esse mesmo sarney que se envolveu nas piores falcatruas possíveis a um ser humano corrupto imoral? então por que a globo faz propaganda pra esse cara? não é a própria globo quem faz um escândalo reiterante eterno sobre denúncias lascivas contra esse cara?

a economia.

as pessoas gostam disso. todomundo alheio à vida. criar um congestionamento de 10km por causa de um acidente. dos dois lados da via. repetição. lavagem cerebral. ignorância. todomundo absorto em sonhos fúteis despertados pela tv. define drug.

hello? quem tá aí? just nod if you can hear me

*

foot-dragging: deliberate reluctance

Acordo bem cedo, me visto, dirijo sozinho pro trabalho, coloco um crachá com um nome, tiro o cérebro de dentro do crânio e o coloco numa gaveta.

Passo as próximas nove horas sorrindo pras pessoas, fazendo de conta que estou interessado na felicidade delas, tolerando a companhia dos meus colegas de trabalho, olhando pro relógio.

No fim do dia tiro o crachá com um nome, tiro o meu cérebro da gaveta e ponho de volta na cabeça, caminho pelo estacionamento, dirijo sozinho pra casa.

E isso é muito, muito, muito chato.

Parece que tenho que fazer isso por muito, muito tempo.

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Nancy Botwin – Weeds

mrb

If you work for a living, then why do you kill yourself working?

God exists

Algumas coisas fazem a gente ter convicção de que Deus existe e que Seus anjos protegem a gente e as pessoas que a gente gosta.

Hoje minha mãe foi abordada por dois rapazes em uma moto, que se aproximaram na contramão e exigiram sua bolsa. Nessas horas nossa reação é sempre uma variável; ninguém nunca sabe como vai reagir, apesar de toda a ladainha “não reaja, entregue tudo e se eles aparentarem estar drogados, diga de antemão o que vai fazer pra não correr o risco de levar um tiro porque eles acharam que você ia tirar um revólver da bolsa”.

Sabe qual foi a reação da minha mãe? Ela começou a gritar feito uma louca e entrou correndo em uma avenida de quatro faixas hiper movimentada. Todo mundo brecou e ela entrou no carro de um homem que a levou até uma delegacia. Não levou tiro, não foi atropelada, nem teve um infarto…

Essas coisas fortelecem a minha crença em um ser superior protetor (Deus, para a maioria) e me fazem agradecer profundamente o anjo da guarda dela, que é supimpa.

*Obrigado*

Não custa lembrar: não saque bastante dinheiro no seu banco de confiança a saia andando pela rua. Sempre tem alguma quadrilha de olho…